terça-feira, outubro 05, 2010

palavras











Às vezes perco palavras
tropeço nelas e calco plurais.
Chuto pronomes, esmigalho verbos,
como adjectivos e grito superlativos.

Às vezes perco palavras,
as vogais voam alto.

As consoantes fogem, os acentos saltam...

Às vezes perco palavras,
palavras que comem palavras idiotas
que não ficam no lugar.

quinta-feira, março 25, 2010

No silêncio do dia ouço-me.
Na noite obtusa grito para ser ouvida.
Na escura rua de viragem durmo.
Na soleira da porta mantenho-me erguida.
O transparente céu vigia-me

Começou a nova jornada.

terça-feira, janeiro 12, 2010


Uma inquietude (que desconheço) abalou a minha consciência.
Não me deixa pensar.
Cortou artérias e veias.
Não me deixa andar.

segunda-feira, junho 01, 2009

Vermelho


A noticia de uma vaga eruptiva...
O dessassossego de um cartaz vermelho numa parede imaculadamente branca...
São sinais de momentos,
são momentos em que são sinais de mudança.

quarta-feira, março 12, 2008




















Coisas que oiço são assobios distantes de caras que desconheço. Pessoas camaleónicas de terras eternas, de terras que desapareceram.
O que parece não é aquilo que é. O que parece é que esvoaço no meio de pensamentos que não são os meus. Na realidade estou sentada no planalto vazio à espera de um sismo, um tornado, uma catástrofe que me abale, que preencha pensamentos (que não são os meus) e que me transforme.
A casa está distante com gritos de pessoas que conheço.
Dou um passo de gigante e chego até ti. Deixo as malas à porta de casa e tomo conta dos teus braços e deixo os meus em ti.
Estampagem perfeita se torna em ti.
Tudo em ti.
Por ti.

terça-feira, janeiro 15, 2008

Melancolia

Mesmo perto a
Estranheza está longe de mim,
Longe de nós.
A tristeza habita do outro lado da montanha,
Não vou voltar lá.
Conto. Conto connosco. Conto até dez,
Onze. Até
Lugar algum...


Os lugares estranhos são pontos de partida para um infinito recomeçar.
Tudo se altera e tudo nos fornece uma sensação de paz dilacerante.

sábado, junho 02, 2007

Embargo o meu espírito em névoa clara.
Os olhos dizem coisas que a boca não fala
Sossego, enfim, no fim do mundo,
Percorri isto tudo...
Ninguém pára o que sinto.

O dia em que nos tornámos sós

Outra vez um arrepio. Deveria estar feliz mas parecia-lhe impossível. “Amo-te”, voltou a ouvir e optou mais uma vez por não responder. Havia um lugar fundo na sua alma que a reprimia. “Devo estar doente”.

Sentiu que tinha uma necessidade: era como se o canto fosse um íman. Teve que se aninhar envolta em pensamentos. Ouviu-o chegar. A chave rodou. Os seus passos tomaram conta da casa. “Ele tomou conta de mim”.

“Somos só nós, deitados nas nossas próprias sombras” disse ela. “Esses não somos nós!” respondeu ele com brusquidão. “Somos nós na tentativa de minimizar as emoções que nos assaltam.”